Tela Sociológica: "1972"

Data: 30 e 31 de maio de 2016.

Local: Sala Newton Lopes

Horário: 18:00

Organização: Prof. Francisco de Oliveira Barros Junior/Departamento de Ciências Sociais

“Caetano volta do exílio em Londres”; “Subversivo sequestra avião ELECTRA”; “Presidente Médici vai a segunda festa do fumo”; “Terroristas morrem em tiroteio”; “Polícia e estudantes se enfrentam no Centro”; “Arena tem planos para atrair grupos jovens”. Tais manchetes estampavam os jornais brasileiros nos primórdios dos anos 70, do século passado. Memórias tristes de um período ditatorial da nossa história. A ideologia militar da época propagava a seguinte ideia: “Quem não vive para servir o Brasil não serve para viver”. O que você estava fazendo em 1972? O artista Tony Tornado responde: “Eu estava preso”. Enquanto os militares torturavam nos porões da ditadura, a juventude tocava os seus projetos e resistia de diferentes modos. No meio da repressão encontramos a turma apaixonada pelo rock, em particular o tocado pelos Rolling Stones. Júlia e Snoopy, apaixonados pelo som da famosa banda, foram impedidos de ver o filme “The Rolling Stones – Gimme Shelter”, com censura 18 anos. A PM, a serviço dos donos do poder, barrou a entrada da moçada no cinema de exibição. Tal cena pode ser vista na obra cinematográfica 1972, de Ana Maria Bahiana e Jose Emilio Rondeau. No cartaz de divulgação, lemos: “Música era a maior paixão de suas vidas. Até eles se conhecerem”. Um encontro amoroso, embalado por uma marcante trilha sonora, em meio a um contexto político contrário às liberdades. A potência amorosa não sucumbe ao olho do poder censurador e unida à arte musical busca a oxigenação da existência. Diante das ondas marítimas, Júlia e Snoopy falam da importância musical nas suas vidas. Snoopy explicita: “Sabe, às vezes eu acho, acho não, tenho certeza que eu aprendi muito mais com meus discos do que em todos esses anos de ‘acorda cedo, vai para escola’”. E indaga: “Que disco diria o que você está sentindo agora? Enquanto os cassetetes policiais perseguiam maconheiros, cabeludos, hippies, comunistas e anarquistas, os Novos Baianos apresentavam-se na PUC/RJ e a língua vermelha, símbolo dos Rolling Stones, era peça do colorido figurino daquele momento histórico. A fechadura militar não vetou a bela “Baby”, barulhinho bom cantado pela tropicalista Gal Costa. 1972 foi tempo de d(i)scobertas. Ano de geração do antológico “Houses Of The Holy”, um biscoito fino do Led Zeppelin. Disco com a faixa “Dancing Days”. Comentários: Francisco de Oliveira Barros Junior