Fruto de pesquisas multidisciplinares a presente exposição é uma amostra do trabalho desenvolvido sobre as masculinidades e corporeidades que abordam os diversos questionamentos sobre a relação do corpo com o espaço, a sociedade e a cultura.
Dessa forma, a exposição tem como objetivo expor um pouco do impacto que as noções da corporeidade e corpo atuam em mim. Uso como aporte teórico os questionamentos sobre a dicotomia cartesiana entre consciência-mundo e a noção de Homem Total para demonstrar como a cultura está inscrita nos corpos, como utilizamos técnicas para socializar o corpo.
O corpo está localizado espacialmente, dessa forma é constructo geográfico, mas também histórico e, sobretudo, cultural, pois pertence a uma época e as suas formas de manifestação das subjetividades são resultados dessa identidade gestada pela intersecção do tempo, espaço e cultura.
Enraizado em Teresina, a pesquisa artística fala sobre como esse corpo dialoga com o ambiente urbano.
Que corpo é esse e como ele performa no cenário citadino?
As pinturas demonstram as preocupações despertadas durante a pesquisa à medida que o desenho torna-se não só poesia e sínteses de reflexões fenomenológicas para virar, aliada à empiria, manifestações de questões reais em ambientes por vezes oníricos. Quero dizer que estão expostas imagens descritas e idealizadas descritas pelas masculinidades estudadas no processo.
A pesquisa acadêmico-artística tem como princípio o estudo do corpo do ponto de vista antropológico que envereda e escorre para as artes quando questiona a própria ideia de identidade por meio da percepção deste corpo que se modifica conforme os diálogos durante a etnografia.
Um corpo que sofre coações, que tem suas próprias formas se burlar o poder, de desviar-se da norma, mesmo que vez por outra possa reproduzir os estigmas que lhe acomete, ainda assim é um corpo agente, um corpo que também propõe, que subverte, destarte um corpo político.
Sobre a exposição
A abertura da exposição do artista visual e escritor Alisson Carvalho acontecerá no dia 01 de novembro (sexta-feira) às 19h no Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI que vem constantemente atuando na comunidade promovendo ou organizando eventos e exposições. A exposição tem como tema e título “A poética do corpo no espaço” e contará com o Pocket Show do artista Antônio Vinícius que fará uma intervenção musical e poética no ambiente.
A exposição tem como objetivo abordar os temas despertado no artista durante sua experiência acadêmica e é também uma forma do pesquisador utilizar a multidisciplinariedade para apresentar à sociedade aspectos percebidos na pesquisa de campo.
A amostra do trabalho não tem a pretensão de explicar, apenas apresenta algumas questões sobre as masculinidades e corporeidades utilizando as artes visuais como registro da relação do corpo com o espaço, a sociedade e a cultura.
Com isso o artista pretende expor como a etnografia é capaz de impactar os próprios preconceitos, desnudando muitas das noções construídas sobre a corporeidade. Tudo isso é apresentado nas obras pintadas com tinta acrílica que serão organizadas no espaço e brincarão com a própria noção de espaço, permitindo que o público tenha uma experiência diferenciada sobre as nuances de uma pesquisa acadêmica.
A exposição “A poética do corpo no espaço” ficará disponível para visitação durante todo o mês de novembro no Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI.
Sobre o artista
Alisson Matheus Soares de Sousa Carvalho, natural de Teresina, Piauí, é Bacharel em Ciências Sociais (2014) pela Universidade Federal do Piauí. Redator do projeto Geleia Total. Escritor e Artista Visual. Escreve e desenha desde criança sempre aliando a literatura ao desenho. Começou na pintura depois que ingressou no Mestrado em Antropologia como forma de aliar as pesquisas multidisciplinares sobre as masculinidades e corporeidades que perpassam a noção cultural de corpo e como a cultura (ou o poder) se manifesta por meio do corpo através das suas técnicas e performatividade.