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Professor da UFPI pesquisa os fatores que levam ao fracasso escolar

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

O fracasso escolar é ocasionado por fatores que vão além da ordem econômica e social. Com a intenção de aprofundar os motivos que levam ao abandono escolar, o Prof. Dr. Cássio Eduardo Miranda, do Departamento de Fundamentos da Educação (DEFE), da Universidade Federal do Piauí (UFPI), iniciou o projeto de pesquisa: "Discursos sobre o fracasso escolar: identificação, saberes e práticas de inclusão", no ano de 2013. O projeto atua como um guarda-chuva, abrigando pesquisas como, por exemplo, a violência escolar, sexualidade, múltiplas formas de famílias e outras vertentes que interferem no ambiente escolar.

Prof. Dr. Cássio Eduardo Miranda desenvolve pesquisa sobre o fracasso escolar

Segundo o Prof. Dr. Cássio Miranda, há três dimensões mensuradas por instituições governamentais para verificar os índices de fracasso na escola. Os indicadores estudados são defasagem (idade série ou ano escolar), a repetência e a evasão escolar. "A nossa pesquisa tem uma questão fundamental que é buscar os motivos que levariam a ocorrência daquelas três dimensões. Então, a partir destas categorias que já são calculadas, a preocupação do projeto é interpretar estes dados, procurando compreender os fatores que culminaram com o abandono da escola", frisou.

Além de índices quantitativos, pesquisas dividem em três a problemática que incide com a saída da escola. "Três ordens estudadas levariam ao fracasso escolar. Uma delas seria do ponto de vista da saúde mental. A criança apresenta um problema psiquiátrico, precisando de outra prática pedagógica dentro de sala de aula. A segunda ordem seriam problemas relacionados à família da criança, que pode afetar no processo de apreensão na escola. Por fim, a terceira questão que se pode chamar de ordem comportamental, cabendo à escola lidar e desenvolver a didática com ela", acrescentou o Prof. Cássio.

Estudante do 6º período do Curso de Pedagogia, Elvina Soares

Em Teresina, o campo de estudo do projeto acontece em quatro escolas da rede pública de ensino. Uma delas se trata da Escola Municipal Noé Fortes, localizada no Bairro Horto Florestal. A estudante do 6º período do Curso de Pedagogia, Elvina Soares, analisou duas turmas do ensino fundamental menor, 3º e 5º ano, estabelecendo atividades para compreender o comportamento das crianças. Na primeira turma, procurou-se por alunos "ruins", enquanto na segunda, por alunos "bons".

Com o trabalho intitulado "Diagnóstico Clínico-Pedagógico e a identificação de dificuldades escolares em crianças em escolarização nas escolas municipais de Teresina", a pesquisa tem por objetivo estudar o comportamento de alunos considerados problemáticos. "Primeiramente, eu vou fazer a observação durante um mês, analisando cada caso, os modos como esses alunos respondem aos estímulos das professoras", destacou Elvina.

Após a etapa de observação, é feita uma atividade diagnóstica para medir o nível de leitura, escrita e cálculo, momento de interação entre o pesquisador e a criança. "Eu acompanhei uma menina que não conseguia ler de forma fluente, tinha dificuldades na hora de escrever, calcular e até desenhar, mas foi na hora de ver os desenhos que pude perceber os problemas que aquela criança passava. Ela desenhava toda a família, mãe, avós e irmãos de mãos dadas, e colocava o pai sempre afastado, e isso me deixava intrigada, constituindo um fator para a análise", ressaltou. Depois da etapa que acontece a conversação, é feita a desconstrução dos significantes, isto é, retirar os rótulos que caem sobre aquelas crianças.

O projeto de pesquisa utiliza indicadores do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). A estimativa mundial é que em torno de 10% das crianças e adolescentes, no processo de escolarização até o ensino médio, apresentam algum tipo de fracasso escolar, relacionado ao aprendizado em sala de aula ou até na ordem cultural. "Eu tenho uma amiga que trabalha em uma escola na periferia de Paris, na França. E ela me contou como aparecia o fracasso escolar por lá. Esses casos aparecem em crianças de pais de origem arábica ou africana, locais que foram ex-colônias francesas. As crianças com ascendência estrangeira falam e exercem a cultura do país de origem de seus familiares, o que acaba por gerar um embate em sala de aula", comentou o Prof. Dr. Cássio Miranda.

Professor Cássio coordena o Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Psicanálise e Educação (NIPSEC)

O Grupo de Pesquisa

O projeto de pesquisa sobre fracasso na escola, desenvolvido pelo Prof. Dr. Cássio Miranda, faz parte do grupo de pesquisa Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Psicanálise e Educação (NIPSEC).

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