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Ex-PIBIC da UFPI descobre plantas milenares no Hemisfério Sul

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Última atualização em Quarta, 25 de Março de 2020, 19h05

foto da medição de comprimento dos caules em campo20200325185720

Domingas Maria da Conceição é arqueóloga, mestre em Geologia Sedimentar pela Universidade Federal de Pernambuco, doutora em Geociências (Paleobotânica) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – curso que faz parte do Programa de Excelência Acadêmica (Proex), com nota 7 – e aluna de pós-doutorado da instituição gaúcha.

Fale um pouco sobre o seu trabalho.
De um modo geral, minha área de atuação é a Paleontologia. A Paleontologia é uma ciência interdisciplinar e está relacionada à Geologia e à Biologia, ocupa-se da descrição e da classificação dos fósseis (animais e plantas), encontrados em rochas sedimentares formadas há milhares ou milhões anos. Suas principais funções são entender a evolução e a interação dos seres pré-históricos com seus antigos ambientes, a distribuição e a datação das rochas portadoras desses fósseis etc. As grandes subdivisões da Paleontologia são a Paleozoologia (estudo dos animais fósseis), a Paleobotânica (estudo das plantas fósseis) e a Micropaleontologia (estudo dos microfósseis).

No meu caso, sou especialista em paleobotânica. Estudo a anatomia interna das plantas, a partir de lenhos petrificados com o objetivo principal de “dar um nome a essas plantas”, (classificação taxonômica). Isto nos permite compreender a evolução de muitas florestas ao longo do registro geológico, a reconstruir seus ambientes de vida, e nos fornece importantes informações sobre os climas do passado, uma vez que os vegetais são muito sensíveis às mudanças ambientais.

Comecei a trabalhar com a paleobotânica desde a graduação, a partir da iniciação científica. Foi um passo muito importante e decisivo na minha trajetória acadêmica. Ali tive oportunidades incríveis de participar de expedições paleontológicas. Em seguida, iniciaram-se os trabalhos de mapeamento dos sítios paleobotânicos do Piauí e Maranhão. Eles têm uma idade aproximada de 280 milhões de anos, e foram objetos de pesquisas de minha dissertação de mestrado, o que gerou publicações importantes, tanto em âmbito nacional quanto internacional. Já na tese de doutorado, fiz as classificações taxonômicas dos lenhos petrificados mapeados nessas prospecções paleontológicas.

O que motivou a sua pesquisa?
A área em questão, de certa forma, já tinha potencial paleobotânico reconhecido a partir de um sítio paleobotânico que abriga caules gimnospérmicos de grande porte que foram soterrados exatamente na forma vertical (em posição de vida), o qual está localizado na zona urbana da capital do Piauí, Teresina. Os contatos iniciais com esse sítio tão importante e pouco estudado, e o fato de quase não existirem pesquisas paleobotânicas em ambos os estados trabalhados, foram estímulos consideráveis para o desenvolvimento da pesquisa, o que possibilitaria inserir essas regiões no cenário das geociências a nível internacional.

Qual a importância do seu trabalho para a realidade brasileira?
Esse trabalho tem importância significativa, uma vez que esse tipo de pesquisa ainda é muito escasso, não apenas no Nordeste, mas em todo o Brasil. Além disso, apresenta alto potencial no sentido de conhecer aspectos sobre a evolução e diversidade destas plantas para este intervalo de tempo. Outra grande relevância é a possibilidade de se realizar trabalhos de geoconservação, divulgação científica e trabalhos de extensão com as comunidades do entorno e acadêmica, com base nos dados produzidos. Ressalta-se que esses sítios paleobotânicos são verdadeiros arquivos de informações didáticas para a produção de aulas práticas em Geociências, possibilitando assim o despertar do interesse da comunidade pela ciência e, consequentemente, a preservação do patrimônio paleontológico local pelo conhecimento da sociedade em geral.

O que ela traz de novo?
Adicionamos, por enquanto, quatro novas espécies de lenhos petrificados para o Permiano da América do Sul que estão relacionadas às gimnospermas que viviam na região do Maranhão há 280 milhões anos. Isso é, sem dúvida, um grande passo nos estudos da paleobotânica brasileira.

Qual a importância do apoio da CAPES?
O apoio da CAPES com auxílios financeiros para eventos científicos foi essencial ao longo do doutorado. Isso me permitiu ir a diferentes eventos nacionais e internacionais para divulgar nossas pesquisas, premiadas como melhores trabalhos em nível de doutorado em eventos da área de paleobotânica na Argentina e Brasil.

Quais são os próximos passos?
Os próximos passos estarão focados na continuidade das pesquisas paleobotânicas e taxonômicas das florestas petrificadas da região em questão, assim como o desenvolvimento de atividades de divulgação científica por meio de um turismo científico bem planejado, que possa promover a preservação dessas áreas e contribuir para o desenvolvimento econômico local.

(Brasília – Redação CCS/CAPES)

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