O Laboratório de Materiais Bioinspirados e Nanotecnologia Aplicada (BioMat), do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Piauí, utiliza uma bioimpressora 3D, recentemente adquirida a partir da aprovação projetos financiados pela CNPq, para o tratamento e diagnóstico de doenças. Conforme o coordenador do BioMat, Prof. Dr. Anderson de Oliveira Lobo, a tecnologia de última geração da área de Bioengenharia vem sendo estudada nas principais universidades do mundo. O professor desenvolveu a tecnologia juntamente com cientistas da Harvard Medical School e Massachusetts Institute of Technology durante seu estágio pós-doutoral.
Prof. Dr. Anderson Lobo, coordenador do BioMat
“Com essa tecnologia, podemos criar órgãos em chips, para cultivo de células vivas em combinação de biomateriais em microcanais, capazes de fazer circular e realizar perfusão das células (como liberação de oxigênio e/ou nutrientes, simulando circulação sanguínea, por exemplo), com o objetivo de reproduzir as funções fisiológicas de tecidos e órgãos do corpo humano” comenta o Prof. Anderson.
A capacidade de reproduzir sistemas biológicos e os aparelhos em grande escala, juntamente com a capacidade de realizar múltiplas experiências em um único chip - pequeno o suficiente para caber na palma da mão – traz, entre suas vantagens, a redução de gastos nas pesquisas. O Professor explica que o uso da tecnologia permite conhecer previamente os efeitos de um medicamento ou produto em um órgão do corpo e saber inclusive se a substância terá impacto sobre outros órgãos que não são alvo de estudo. “Será possível analisar as respostas específicas de determinado órgão a células do corpo humano em reação à qualquer exposição a ser testada em laboratório e introduzidas no sistema”, completa o pesquisador destacando que o sucesso da tecnologia pode eliminar, a longo prazo, o uso de animais em testes.
“No laboratório BioMat, atualmente, sintetizamos hidrogéis injetáveis, por exemplo, para produzir scaffolds com liberação controlada de oxigênio, utilizando-se da Bioimpressora, com intuito de aplicações em várias áreas da medicina. No momento, produzimos cobertura de feridas para induzir a rápida cicatrização, como também a regeneração de cartilagem, que é o único tecido que não se regenera por si só”.
No sistema de órgãos-em-chip (do inglês “organ on a chip”), é possível combinar três tecidos, como a do coração, fígado e pulmão, criados por bioimpressão, usando biotintas personalizadas, resultando em construções de hidrogel 3D que são colocados em microrreatores. Atualmente, os trabalhos de pesquisa contam com alunos do Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais e uma pós-doutoranda atuando diretamente nesse tema.
Assista à matéria em vídeo: