Laboratório de Paleontologia da UFPI contribui para a descoberta de espécies de plantas a partir de fósseis da Bacia do Rio Parnaíba

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Última atualização em Quarta, 01 de Julho de 2020, 17h30

O Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) encontrou, na Bacia do Rio Parnaíba, fósseis de espécies de plantas que permitem saber como o clima da terra foi mudando ao longo do tempo e como o território da Bacia do Parnaíba foi evoluindo até o presente. Esse laboratório faz parte do curso de Arqueologia da UFPI, onde encontram-se os fósseis descobertos.

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Local da descoberta no Rio Parnaíba fica no Município de Nova Iorque, Maranhão

O trabalho teve várias etapas; os fósseis coletados entre os anos de 2011 e 2012, foram objeto de uma tese de doutorado que teve inicio em 2017. Já concluído, os resultados foram publicados numa revista francesa, chamada Geobios. Atualmente, o único Paleontólogo da UFPI envolvido no projeto, é o Chefe do Laboratório de Paleontologia, Juan Carlos Cisneros.

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Da esquerda para a direita, alguns dos paleontólogos envolvidos nas pesquisas: Prof. Juan Carlos Cisneros, chefe do Laboratório de Paleontologia, Domingas Maria da Conceição e Luiz Saturnino de Andrade

A pesquisadora principal, Domingas Maria da Conceição, é egressa da Universidade Federal do Piauí e Doutora pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Além dos dois, fazem parte da equipe dois paleontólogos e pesquisadores da UFRGS, Roberto Iannuzzi e Rodrigo Neregato.

A equipe é responsável por duas espécies novas descobertas, que receberam os nomes de Ductolobatopitys mussae e Kaokoxylon brasiliensis. Elas fazem parte do grupo das gimnospermas, ou seja, são parentes distantes das araucárias e dos pinheiros. “A descoberta é importante para conhecermos a história antiga do Brasil e do planeta. As espécies de plantas são úteis para caracterizar o clima e o ambiente antigos”, destaca o professor Juan Carlos.

Fotos da espécie Ductolobatopitys mussa. A figura A mostra um tronco petrificado. As figuras de B e E mostram fotos microscópicas do mesmo tronco

 

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Na figura da letra A mostra o tronco petrificado de Kaokoxylon brasiliensis

A paleontóloga Domingas Maria da Conceição, uma das principais pesquisadoras envolvidas na descoberta e aluna egressa da UFPI, foi responsável pela pesquisa, pois a mesma constitui resultados de sua tese de doutorado, iniciado em 2016 e finalizado em março de 2020. Segundo ela, “é importante destacar também a contribuição de cada autor presente no artigo, pois essas parcerias entre instituições contribuem significativamente para pesquisas de qualidade em nosso país”.

Domingas da Conceição destaca ainda o período de origem das espécies descobertas na pesquisa. “Essas plantas viveram no Período Permiano (há mais de 260 milhões de anos atrás) da Era Paleozoica. São gimnospermas integrantes de linhagens ancestrais das coníferas atuais. Em termos florísticos, essa região do Maranhão e Piauí, durante o Permiano, era dominada por gimnospermas de grande porte, como evidencia o registro fóssil. Uma paisagem completamente distinta do que observamos atualmente”, afirma.

A paleontóloga ressalta sua satisfação em ser parte da descoberta e a importância da pesquisa. “Tem um significado muito importante, pois as pesquisas paleobotânicas, tanto no Piauí quanto no Maranhão, ainda são escassas. A obtenção de resultados tão relevantes como os que alcançamos é essencial, pois revela o potencial dessas áreas para os estudos anatômicos de plantas permianas, que até mesmo em nível de Brasil, ainda são poucos. Além disso, estamos inserindo essa região do Nordeste do Brasil no cenário internacional das Geociências. Outro ponto muito relevante, é que em um futuro próximo todos esses sítios paleobotânicos que estamos estudando poderão se transformar em pontos turísticos, o que pode contribuir para o crescimento da economia local, preservação da região e utilização e visitação para aulas práticas”, ressalta a paleontóloga.

A cidade de Teresina possui vestígios de uma floresta fóssil dentro da sua área urbana, as novas espécies são da mesma idade dessa floresta petrificada e ajudam a saber como era ela, pois fazem parte do mesmo ecossistema. Ainda é importante mencionar que os fósseis descobertos ficarão em exibição no Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI.