Pesquisadores piauienses desenvolvem respirador de baixo custo

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Última atualização em Sexta, 08 de Mai de 2020, 23h38

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Protótipo do respirador apresentado pelos pesquisadores - Foto: Gelson Catatau

Foi lançado no sábado (25/04) em Parnaíba um ventilador mecânico pulmonar com os requisitos necessários para ajudar no tratamento de pacientes da Covid-19. Desenvolvido pela startup de Robótica TRON, com apoio de pesquisadores da UFDPAR e UFPI, o ventilador é de baixo custo, robusto e feito com materiais acessíveis, construído segundo normas da Associação Médica Brasileira (AMB). Os desenvolvedores se preparam para produzir e doar pelo menos 500 equipamentos no Piauí, após a aprovação pela Anvisa. O projeto terá documentação aberta para fins filantrópicos.

 

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 Prof. Dr. Gildário Lima (UFDPar) apresenta respirador ao vivo pelas redes sociais - Foto: Gelson Catatau 

A versão de testes do ventilador foi apresentada ao público durante uma live nas redes sociais da startup desenvolvedora, em ambiente hospitalar, com uso de um pulmão artificial. O protótipo está passando por aprimoramento e recebendo feedbacks de profissionais fisioterapeutas e de médicos para atualização de últimos parâmetros, finalização da documentação e envio para aprovação de fabricação pela Anvisa.

Podendo ser usado em crianças, adultos, e pessoas com sobrepeso, o equipamento é capaz de controlar variáveis como pressão e vazão do oxigênio. Conta com sensores de fluxo, de pressão, de saturação de oxigênio, além de integração com telemedicina, inteligência artificial e contar com perfis para ventilação assistida e controlada, como explica o pesquisador coordenador do projeto, Prof. Dr. Gildário Lima, da UFDPAR, sócio-fundador da TRON. 

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Pesquisador Gildário Lima - Foto: Gelson Catatau

“Este equipamento tem um dispositivo capaz de medir a pressão alveolar, nos fornecendo com precisão a pressão interna. Temos também o sensor de fluxo que faz a calibragem e a contagem do fluxo de inspiração e expiração, que chamamos de volume corrente. Além dessas características, o respirador é equipado com internet, onde tudo se conecta com o servidor, e, por meio dele, estamos construindo uma biblioteca gráfica com todos os dados de corrente, volume  e parâmetros.”

Conexão à Internet e telemedicina

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Profissional de saúde durante apresentação do respirador - Foto: Gelson Catatau

O equipamento oferece possibilidades de atendimento por telemedicina, uma saída viável à carência de terapeutas respiratórios, profissionais especializados no uso dos ventiladores mecânicos em pacientes. “Com a Internet e a rede de dados do respirador, será possível uma equipe de fisioterapeutas intensivistas experientes terem acesso aos gráficos em tempo real para acompanhar centenas de respiradores Air-TRON, ajudando profissionais menos experientes” diz o Prof. Gildário Lima.

Os pesquisadores trabalham agora na implementação de um visor que pode ser acompanhado por um monitor para mostrar todos os parâmetros do paciente, como sexo, altura, frequência de impulsos por minuto e pressão mínima, além do modo assistido controlado. A ideia é tornar o equipamento autossuficiente, porque nem sempre há monitor disponível nos locais onde os respiradores são instalados.

Para garantir o funcionamento eficiente e boa durabilidade do respirador, foi firmada uma parceira com o Prof. Dr. Fábio Rocha, do Curso de Engenharia Elétrica da UFPI. A partir da próxima semana serão realizados testes de testes de calibração e de robustez nos circuitos eletroeletrônicos, sensores e atuadores do equipamento.

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Prof. Dr. Fábio Rocha, parceiro do projeto dos respiradores - Foto: Arquivo pessoal

“ Esses testes servem para encontrar os melhores ajustes dos sensores (de pressão, de vazão)  aos circuitos eletroeletrônicos e à programação que é feita dentro do respirador, para que tudo funcione sem erros, por um bom período de tempo, sem o desgaste das peças. No caso do uso em pacientes da Covid-19, que a internação pode levar de 7 dias a 1 mês, em média, é preciso garantir o funcionamento continuo e perfeito do respirador para dar assistência completa ao paciente, explica o Prof. Fábio Rocha.

 

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Secretário de Saúde, Florentino Neto, acompanha apresentação do respirador pelo Prof. Dr. Gildário Lima - Foto: Divulgação Sesapi

O protótipo do respirador foi apresentado também nessa segunda (27/04) no Hospital Getúlio Vargas ao secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto, equipe de técnicos da Sesapi, fisioterapeutas e médicos da rede hospitalar piauiense. Florentino Neto destacou a relevância de ter um produto como este desenvolvido no Piauí, o que trará mais celeridade e rapidez para a sua aquisição. “O professor Gildário Lima está colocando este respirador à disposição para testarmos e, após aprovado, ele estará à disposição para salvar vidas. Esse aparelho está fazendo com que o nosso estado passe à frente e possa produzir essa tecnologia neste momento de crise”, ressalta o gestor.

Parceira do Projeto, a Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPAR) também tem colocado à disposição da startup desenvolvedora seus recursos humanos e infraestrutura para o desenvolvimento do respirador.

 

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Prof. Dr. Alexandro Marinho - Reitor da UFDPAR

“A UFDPar segue firme com suas ações em benefício da comunidade, e agora com o desenvolvimento do respirador de baixo custo não seria diferente. A TRON tem sido uma parceira de ponta, que têm seus alicerces fincados na UFDPar, e desde início colocamos à disposição toda nossa infraestrutura logística para a auxiliar na construção e testes do ventilador e também das máscaras em 3D que foram aprovadas para comercialização pela Anvisa. Estamos unidos no desenvolvimento de soluções para vencer essa pandemia”, declarou o Prof. Dr. Alexandro Marinho, reitor da UFDPar.

Segundo o pesquisador Dr. Gildário Lima (UFDPAR), o ventilador terá custo de produção de aproximadamente R$ 6 mil enquanto equipamentos industriais são vendidos a partir de R$ 50 mil. O respirador leva aproximadamente 15 horas para ficar pronto. A startup desenvolvedora se prepara para fabricar e doar pelo menos 300 respiradores com a ajuda de parceiros e investidores, como FIEPI, SESC PI, SESC MINAS e Governo do Estado do Piauí.

O aparelho foi desenvolvido tem documentação aberta, que permite a qualquer pessoa ou empresa acessar o protocolo e fabricá-lo para fins de filantropia, após autorização da Anvisa.

  *Com informações da Sesapi