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Terceira idade: sexo, saúde e sociabilidade

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Última atualização em Sexta, 12 de Abril de 2019, 12h43

Por: Geovane Pereira

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O grupo da terceira idade têm direito de participar de eventos culturais e esportivos e também de lazer  pagando 50% do valor total

Sexo. Ao pensar, ouvir ou falar neste aspecto da vida humana, não relacionamos esta prática à terceira idade. Contudo, nossa sociedade tem vivenciado nas últimas décadas efervescências na vida sexual, não só na juventude, mas também, entre os idosos. Hoje, no Brasil, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa totaliza 23,5 milhões de pessoas. Este processo de envelhecimento na perspectiva da Organização Mundial da Saúde (OMS) é vinculado à qualidade de vida, como a percepção do indivíduo no contexto cultural e sistema de valores nos quais o idoso está inserido.

A fase da velhice por um longo tempo era percebida como um momento de “assexualidade” do desenvolvimento humano. Um dos motivos eram as modificações que ocorrem no processo de envelhecimento biológico ou social, que direcionavam boa parte da população idosa a não ter uma vida sexual ativa. O Prof. Dr. em Psicologia, Me. em Psicologia Social e Especialista em Gerontologia, Professor do departamento de psicologia da UFPI (Campus de Parnaíba-PI), Ludgleydson Fernandes de Araújo, explica que os idosos têm mudado sua concepção acerca da sexualidade em sua vivência, e que atualmente ocorreram muitos avanços, entre eles o sócio sanitários e o surgimento de medicamentos facilitadores da vida sexual.

“A sexualidade traz benefícios para ao bem-estar individual dos idosos. Além disso, sabe-se que a sexualidade também repercute na rede de apoio social e afetivo da pessoa idosa,” disse Fernandes.

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O psicólogo  Ludgleydson Fernandes de Araújo pauta sua linha de pesquisa e ensino em aspectos sociais entre eles: Psicologia do envelhecimento, Psicogerontologia, Idosos/Velhice

O especialista ressalta que mesmo com tais avanços sociais, a população idosa ainda possui certa resistência em ter uma vida sexual ativa. Isso se deve a inúmeros fatores, entre eles, aspectos culturais ainda hoje veiculados no Brasil. O psicólogo pontua que a concepção pode estar relacionada ao pensamento do sexo ser visto como sinônimo de procriação ou relacionado a influência religiosa e da educação disseminada em nossa sociedade que, principalmente, as mulheres receberam ao longo da suas trajetórias de vida.

Rondonópolis, município de grande porte, localizado no interior de Mato Grosso, foi pioneiro nas políticas de atenção à terceira idade no estado. Em 2015 foi realizada uma pesquisa pelo Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (NEATI) da Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Universitário de Rondonópolis (UFMT/CUR), tais dados revelam que 75% dos idosos questionados afirmaram sobre a necessidade de ter relação sexual, a mesma pesquisa mostrara que 59% destes idosos relataram ter uma vida sexual ativa.

O sexo deve estar presente no processo de velhice como em qualquer fase da vida humana adulta, proporcionar o prazer, o bem-estar, a autoestima por meio da relação concedia e saudável, compartilhando amor e o desejo com e para outra pessoa faz parte de uma vida saudável.

Idoso ser social

Em meio às mudanças ocorridas no cenário social brasileiro, e tendo a percepção do aumento da população idosa no Brasil nas últimas décadas, um fato social que perpetua em nosso país é a exclusão social dos idosos, este aspecto é um reflexo cultural em que o idoso é colocado como um individuo incapaz, um “peso social” o qual não pode ter interações sociais, de colaborar no mercado de trabalho ou exercer seu papel como cidadão.

O processo de  envelhecimento é percebido na sociedade brasileira de maneira negativa, para a assistente social, coordenadora do Programa Terceira Idade em Ação (PTIA) da UFPI  Profa. Dra. Iolanda Carvalho Fontenele, o velho e envelhecimento é concebido como algo retrogrado e inativo, sem perspectivas de participação na sociedade.

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 Profa. Dra. Iolanda Fontenele, atual Coordenadora do PTIA

O Piauí teve aumento significativo no público da terceira idade, no estado entre 2000 e 2010, por meio de dados do IBGE podemos observar o crescimento positivo no grupo etário de 80 anos, e em relação à faixa etária de 60 a 69 anos registrou-se uma redução em relação ao percentual total de população de idosos.

O PTIA nasceu da Universidade Federal do Piauí (UFPI),  e da Coordenação de Serviço Social com o objetivo de contribuir para com população idosa de Teresina, promovendo atividades no âmbito acadêmico, visando inserir ou reinserir neste espaço como construção de conhecimentos; social, cultural, artes, educação, cidadania e suade. A coordenadora do programa revela que interação social por meio das atividades realizadas são importantes para subjetividade individual e para o bem estar deste público.

“A inserção do idoso no âmbito social, como um sujeito ativo de interações sociais é algo necessário a ser pensado. Pois pensar a terceira idade vai além de uma questão assistencialista que limite-se a proteção social, saúde, aposentadoria, entre outros aspectos,” revelou Fontenele.

A velhice tem desafios como toda as demais  fases da vida, vive-la com qualidade de forma positiva é um construção necessária. Os problemas recorrentes em torno deste aspecto social são os preconceitos que veiculam nas esferas sociais, da família, instituições e sociedade assim como a preensão da não cidadania que o Estado não os garantes. A Profa. Dr. Iolanda Carvalho Fontenele explica o papel do PTIA, assim como a interversão da UFPI como ferramenta social e educacional, nós trazemos a dimensão do idoso de se perceber como protagonista e cidadão que deve usufruir de seus direitos. A universidade integrando aspectos gerontologicos com políticas educacionais, é um espaço para que os idosos possam desenvolver aprendizados, socialização e dimensões  de direitos e novas perspectivas em suas vidas.

Segundo Fontenele os direitos da terceira idade são obtidos em função de lutas e conquistas, a Política Nacional do Idoso de 1994 e o estatuto do idoso  de 2003 são direitos obtidos por meio de mobilizações dos idosos no Brasil.

Estatuto do Idoso

Este conjunto de leis é destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.

A Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso, dispõe sobre papel da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público de assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

Saúde é política

A questão da Geriatria no Brasil e no mundo é relevante e deve ser trabalhada, afirma a Chefe de Unidade Médica, Supervisora do Programa de Prevenção em Geriatria e médica assistente do HU/UFPI, Dra. Glenda Maria Moureira. Ela explica que precisamos andar muito, apesar de termos políticas públicas no Brasil bem circunstanciadas e formadas, ao mesmo tempo também são descentralizadas nas esferas federal, estadual e municipal. "Elas possuem a incumbência de fomentar tal estrutura para este público, contudo  ainda há muito o que se desejar. Percebemos que a linha do Sistema Único de Saúde (SUS) propõe é bem desenhada e tem uma ideologia fantástica, mas o funcionamento acontece onde pessoas decidem".

Pensar a saúde hoje para o idoso é uma perspectiva que integra a multidisciplinaridade dos campos da saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) regulamenta medicinas integrativas, como acupuntura, atividade física direcionada, o SUS já disponibiliza de tais de recursos, com acesso a saúde e a outras áreas que não são médicas com reabilitação, fisioterapia, educação física.

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"É preciso um mudança cultural em todas as esferas para termos um envelhecimento saudável",  Dr. Glenda M. Moureira

A Especialista em Geriatria, Dra. Glenda Maria, ressalta a inserção do idoso no ambiente social como um aspecto de saúde pública. "Falo para os mais jovens que o capital humano, o capital de relacionamentos, que podemos tê-lo como uma população que acumula boas relações, boas inserções sociais, e quando chega a aposentadoria isso acaba, se não estou no trabalho, isso acaba. E isso tem levado a população idosa a níveis altíssimos de depressão, de demência de incapacidade. Acaba sendo um problema de saúde pública a meu ver, por isso eu falo das politicas nacionais de atividades físicas, na inserção do idoso na vida social e cultural", afirma.

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