Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Últimas Notícias - UFPI > Pesquisa da UFPI estuda a violência contra o idoso
Início do conteúdo da página

Pesquisa da UFPI estuda a violência contra o idoso

Imprimir
Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

ANA E REGINA 1

Profa. Dra. Ana Maria Ribeiro, à direita e Regina Nolêto, à esquera. As duas são vinculadas ao Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (UFPI)

O envelhecimento da população mundial traz preocupações não só em relação à previdência social, mas sobretudo, a implantação de políticas de assistência social e campanhas educacionais de conscientização ao cuidado com o idoso. Trazer à tona a seguinte discussão é considerar os dados alarmantes apresentados pelo Ministério da Justiça e Cidadania. Apenas nos quatro primeiros meses de 2016 (janeiro a abril) foram registrados 12.454 denúncias de violência contra a pessoa idosa. Comparado ao mesmo período de 2015, o número de denúncias cresceu 20,54%. Os dados são coletados, por meio do Disque 100, canal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos responsável pelo recebimento de denúncias de violações de direitos.

É dentro desse contexto que a Profa. Dra. Ana Maria Ribeiro, vinculada ao Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (UFPI), iniciou o projeto de pesquisa “Violência física contra idosos em uma capital nordestina: uma análise documental” no ano de 2015.

A pesquisa

IDOSO.jpg

O estudo tem por intuito analisar os registros de violência física contra o idoso na Delegacia de Segurança e Proteção ao Idoso (DSPI) de Teresina nos anos de 2009 a 2013. A pesquisa incidiu sobre os Boletins de Ocorrência como amostra de coleta de dados, sendo promovida a técnica de análise documental. O trabalho acadêmico, que também conta com a atuação da discente do oitavo período em Enfermagem Regina Nolêto, rendeu a exposição de banner no XXV Seminário de Iniciação Científica UFPI 2016.

O projeto ainda é multicêntrico, ou seja, envolve pesquisadores e coleta de dados em mais de uma instituição. Entre elas fazem parte a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Universidade Federal do Piauí (UFPI). O processo de apuração acontece na Delegacia do Idoso em três municípios brasileiros: João Pessoa, Ribeirão Preto e Teresina. O projeto recebe a denominação "Violência contra o idoso em três municípios brasileiros" com coordenação geral da Profa. Dra. Rosalina Rodrigues (EEFP/USP) e financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

ana 2

Profa. Dra. Ana Maria Ribeiro

Segundo a Profa. Dra. Ana Maria Ribeiro, a pesquisa pretende dar visibilidade à temática com a intenção de despertar ações governamentais. "Ao analisar todo o material, as três formas de violência que mais se destacaram foram: em primeiro lugar a violência psicológica, em segundo lugar a violência financeira e patrimonial e, por fim, a violência física", afirmou.

Dentre o número de 555 idosos que sofreram alguma violência em Teresina, 109 casos foram de violência física, o que corresponde a prevalência de 19,6%. O estudo constata que o perfil dos idosos vitimados é representado pela faixa 

etária de 60 a 79 anos (79,8%). "A maior parte das vítimas são representadas por mulheres (61,5%). Já os agressores a maior parte são homens (78,9%), sendo normalmente filhos e netos com uma idade entre 20 e 32 anos. Nós também observamos que teve um percentual em cerca de 35% que faz o uso de álcool e outras drogas no momento da agressão", explicou a Professora Ana Maria.

Outro ponto elencado pela pesquisa se trata do local em que o idoso sofre a agressão. "A violência contra o idoso ela é velada até porque mais de 90% dos casos são registrados nas residências. Nos casos em que analisamos, a agressão é cometida por filhos e netos no interior das casas. Então, o idoso fica vulnerável e na maioria das vezes não denuncia", pontuou a pesquisadora.

regina

Regina Nolêto, bolsista PIBIC e estudante do Curso de Enfermagem da UFPI

É válido ressaltar que durante a coleta de dados houve o uso de critérios que determinam a exclusão de certas ocorrências. "Havia alguns boletins que não apresentavam a data de nascimento do idoso ou então a vítima não era de Teresina, uma vez que, a delegacia também atende a demanda de municípios vizinhos", frisou a estudante Regina Nolêto.

Pesquisa posterior 

Em decorrência dos altos índices, o próximo projeto também tratará de violência contra o idoso, mas desta vez abordando sobre a violência financeira e patrimonial. "Esse é meu segundo ano de PIBIC, eu tenho interesse em desenvolver este mesmo tema para o TCC e seguir para o mestrado em Enfermagem. Então, eu vejo como importante, logo que ao ter contato com os números elevados de violência é dever meu como profissional conhecer a realidade, por isso quero contribuir positivamente"contou Regina.

Para a Professora Ana Maria Ribeiro, assim como a pesquisa realizada e seus posteriores desdobramentos são fundamentais para suscitar o debate em torno da violência contra o idoso. "A sociedade precisa despertar. Os profissionais de saúde observar no momento dos atendimentos que aquilo pode ser um caso de agressão, porque as vezes o idoso chega relatando algo que destoa do acontecido, e tudo isso é sequela da violência", finalizou.

De acordo com informações do site da Secretaria Especial de Direitos Humanos, o Brasil pode ser considerado referência em termos de legislação e políticas públicas para o idoso, como a Política Nacional dos Direitos do Idoso e o Estatuto do Idoso. Entre alguns programas, pode-se citar a iniciativa "Cidade Madura" em João Pessoa que se trata de um condomínio voltado com as necessidades específicas da terceira idade.     

Fim do conteúdo da página