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Tela Sociológica exibe Feliz Natal

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

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Neste terça-feira (18), às 16 horas, na Sala de vídeo II, do CCHL-UFPI, o projeto Tela Sociológica exibe o filme "FELIZ NATAL". 

Saiba mais sobre o filme - A Tela Sociológica promove mais uma das suas históricas viagens cinematográficas. Tudo é história. A telânica viagem ruma para o ano de 1914. É em uma véspera de natal, no contexto da primeira guerra mundial, que assistimos a uma extraordinária confraternização natalina. Em um ato surpreendente, soldados escoceses, franceses e alemães promovem um cessar-fogo natalino com a conivência dos seus respectivos tenentes de comando. Rifles, canhões e os estrondos explosivos das mortíferas pontarias cedem espaço para a sonoridade musical das gaitas de fole escocesas, a champanhe francesa e o canto operístico alemão. Das trincheiras alemãs, brilham os enfeites de arvores natalinas decorativas de um belicoso front temporariamente suspenso para a celebração da natividade cristã. No seu relatório para o quartel general, o tenente escocês registrou: “24 de dezembro de 1914. Nenhuma hostilidade por parte dos alemães essa noite”.

Dirigido por Christian Carion, FELIZ NATAL (JOYEUX NOEL/MERRY CHRISTMAS), narra, com delicadeza, as ambivalências das criaturas humanas nas suas potencialidades bélicas e amistosas. De forma sutil, dispara críticas aos “...calhordas que, bem protegidos, nos mandaram brigar uns com os outros”. Disparo discursivo de um militar de patente inferior que tem como alvo os encastelados generais, estrategistas e mentores que enviam os seus “soldados rasos” para a “terra de ninguém”, onde jorra sangue e fel. As cúpulas militar e religiosa, do alto dos seus poderes hierárquicos, consideraram uma “vergonha” a confraternização dos seus subordinados. No frio, na companhia de ratazanas e pegando piolhos, os combatentes dão uma trégua para ouvirem Adeste Fidelis, Silent Night e uma Ave Maria cantada pela Senhorita Anna Sörensen, bendita presença feminina entre homens em conflito. Ao lado do seu amante, o tenor Nikolaus Sprink, encantam as combativas tropas com as suas líricas vozes.

Sujeitos dilacerados pela dolorosa saudade dos seus afetos distantes, recebem consolo do canto artístico. Arte desarmando espíritos em um recital para abrir as fronteiras. A canção I’m Dreaming of Home dá o tom dos ais sentidos. No descanso das metralhadoras, a festa campal celebra uma missa. Sagrado e profano nos básicos e elevados instintos humanos. O padre escocês traduz o aquecimento afetivo experimentado na “noite feliz” com poliglota pronúncia francesa, inglesa e alemã. O latim clerical dá um toque de esperanto: “Essa noite esses homens foram atraídos pelo altar como se fosse uma fogueira no inverno. Até os ateus vieram se aquecer. Talvez apenas para estarem juntos. Talvez para esquecerem da guerra”. Na parada dos bombardeios, o combatente de um lado mostra o retrato da sua esposa para o da outra banda. Carentes seres em evocativas lembranças fotográficas. O cantor alemão, acompanhado da gaita escocesa, empunha uma luminosa árvore de natal. E os guerreiros, em provisória confraternização, trocaram endereços entre si para se verem depois. Inacreditável ? Difícil de acreditar e entender? A dedicatória de FELIZ NATAL revela uma surpreendente humanidade: “Esse filme é dedicado aos soldados que confraternizaram no Natal de 1914 em vários pontos do front”. Nada do que é humano é estranho ou indiferente ao cinema.

 

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