UFPI obtém patente para invento de desinfecção eficaz de moldes odontológicos
Profa. Carmem Dolores Vilarinho Soares de Moura, inventora da tecnologia patenteada
A desinfecção de moldes odontológicos, feitos de hidrocolóide irreversível ( substância à base de algas), usados para fabricar modelos de gesso, sempre representou um desafio na rotina clínica e laboratorial. É que o processo de desinfecção convencional, que consiste em spray e imersão dos moldes em caixas com solução antimicrobiana, costuma não ser eficaz na remoção completa de micro-organismos e causar danos aos moldes, conforme a literatura.
Mas, um invento, desenvolvido na UFPI, pela docente do Departamento de Odontologia Restauradora, Profa. Dra. Carmem Dolores Vilarinho Soares de Moura, deve tornar o processo de desinfecção de moldes de hidrocolóide irreversível mais efetivo e seguro. Trata-se de um conjunto nebulizador, confeccionado em formato de caixa, que permite aplicar desinfetante em forma de vapor sobre o molde colocado em seu interior. Nos experimentos realizados, usou-se hipoclorito de sódio como desinfetante, em uma atmosfera com umidade relativa próxima a 100%, fundamental para obtenção dos bons resultados. Em outubro deste ano, a UFPI recebeu deferimento do pedido de patente da invenção junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), seguida de confecção de protótipo e comercializações. O pedido de patente foi depositado em março de 2010.
“A aplicação do desinfetante em forma de vapor atua sobre toda a extensão do molde, permitindo uma desinfecção efetiva, ao mesmo tempo em que se impede a acumulação do desinfetante em quantidade suficiente para afetar a qualidade da superfície do molde”, explica Profa. Carmem Dolores. A importância da tecnologia, avalia a inventora, é atuar na biossegurança, impedindo a contaminação cruzada no manuseio dos moldes entre cirurgião-dentista, auxiliares e técnicos de laboratório. "O cirugião-dentista molda a boca e entrega o molde em hidrolóide para o auxiliar vazar o gesso. Mesmo o auxiliar estando de luvas, o modelo de gesso que sairá de dentro do molde pode estar contaminado. A saliva contém muitos micro-organismos e, geralmente, na hora de moldar é comum o molde ficar sujo de sangue. E está provado que só a remoção com água não elimina os micro-organismos. Há o risco, por exemplo, de contaminação de tuberculose, hepatite C e HIV." esclarece.
O aparato foi objeto da pesquisa realizada pela Professora Carmem Dolores em sua dissertação de mestrado e tese de doutorado. O artigo sobre o invento foi publicado na Revista Odonto Ciência da Pontíficia Universidade Católica do Rio Grando do Sul (PUCRS) e encontra-se disponível para acesso pela comunidade científica. A UFPI detém os direitos de exploração comercial do invento, cedidos à instituição pela inventora, Profa. Carmem Dolores. De baixo custo, a fabricação do protótipo, prevista para ocorrer ainda neste mês de novembro, está avaliada em cerca de R$ 60.
O processo de obtenção da patente contou com assessoria do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia ( Nintec/UFPI), orgão que atua no apoio, estímulo e ampliação de pesquisas na Instituição, com o intuito de identificar as tecnologias comercializáveis e estimular a solicitação da proteção, licenciamento e transferência dessas tecnologias.
Profa. Maria Rita de Morais Chaves Santos, coordenadora do Nintec/UFPI
" Agora, com o reconhecimento do invento pelo INPI, o trabalho é confeccionar o protótipo, fazer o portfólio e sair em busca de empresas que possam reproduzir o invento em escala industrial", explica a Profa. Dra. Maria Rita de Morais Chaves Santos, coodenadora do Nintec/UFPI. "A tecnologia cumpriu os três requisitos para obtenção da patente: novidade, atividade inventiva e aplicação industrial". Quando à divulgação do invento a investidores, destaca: "A partir divulgação da invenção na página da UFPI e em outros canais da intituição, além da participação em feiras assim que houver oportunidade, levaremos a invenção. É um produto que tem tudo para poder ser comercializado", avalia.