Documentário produzido por alunos do Curso de Jornalismo é exibido em festival internacional

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

O documentário "Novo Jornalismo, Velho Jornalismo" produzido por alunos, na época, do primeiro período do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Piauí (UFPI), foi exibido na programação do Investigative Film Festival Skopje 2017, um festival realizado na capital da República da Macedônia, Escópia, realizado entre os dias 3 e 5 de novembro, que mescla exibições de filmes, debates, painéis e workshops que se concentram no impacto do jornalismo investigativo e conscientização sobre diferentes problemas e desafios no mundo da mídia. O IFFS também é concebido como um evento em que jornalistas, profissionais de cinema e mídia na região e no exterior podem se conectar e desenvolver histórias e filmes futuros, bem como educar e informar o público sobre novas tendências na cena mundial de mídia.

Exibição do filme no festival

Orientados pela professora Rosa Edite Rocha, os discentes foram a campo para investigar sobre a profissão em duas vertentes: o jornal impresso e o webjornalismo. No documentáro é abordada a discussão sobre o possível fim do jornalismo tradicional impresso frente ao desenvolvimento do jornal digital.

No meio jornalístco de Teresina, o filme apresenta entrevistas com quatro jornalistas, incluindo o novo propretário do jornal Diário do Povo, um jovem empresário idealista, ex-proprietário de um portal de notícias, que hoje tornou-se editor do jornal. Ele tem fé inquestionável no futuro do jornalismo impresso, enquanto os outros não compartilham o seu entusiasmo; um proprietário de um portal de notícias que acredita no futuro do jornalismo na web; um jornalista que é dividido entre o sonho de seu próprio veículo de mídia e seu amor pelos jornais, enquanto outro está convencido de que o jornalismo na web e na impressão podem existir de mãos dadas.

O tema abordado pelo grupo de estudantes conta o drama encontrado nos ramos jornalísticos, situação capturada no final de 2016. "O documentário foi excepcional. Ele tem toda uma construção informativa, lógica e muito bem organizada, que apresenta o foco principal do trabalho, que é um jornalismo que fazíamos, não tão antigamente, impresso com suas características peculiares, conservadoras. E o jornalismo que fazemos atualmente, que é mais rápido, conta com características diferenciadas e contemporâneas. O que foi apresentado nesse documentário foi um pouco de como esse velho jornalismo pode aprender com o novo jornalismo e em que pontos esse jornalismo mais conservador precisa se reinventar para que permaneça num estado de utilização social", argumenta a Profa. Rosa Edite.

Entrevista com dois dos produtores:

Victor Bruno e Valéria Noronha

De onde surgiu a ideia de abordar esse tema?

Valéria: Estávamos reunidos com um grupo da sala quando a professora Rosa, para realizar a avaliação final do período, propôs que produzíssemos um documentário. Victor e eu fizemos pesquisas sobre o assunto antes de sair em campo, e problematizamos a questão do jornal da era digital, webjornalismo, em conflito com o jornal tradicional, impresso. Ele impresso vai desaparecer? O webjornalismo será o nosso modelo padrão de jornal no Brasil e no mundo? Então para sanar essas dúvidas, além dos nossos entrevistados, fomos a dois portais: O Política Dinâmica e o Portal Piauí Hoje. A visão dos entrevistados foi importante para esclarecer porque a mídia digital está no seu ápice e o veículo impresso em segundo plano. Decidimos ir até o jornal Diário do Povo, que ao final de 2016, estava prestes a fechar. Buscamos passar, por meio do documentário, a seguinte reflexão: o jornal impresso vai sobreviver? Para sobreviver do que ele precisa? Qual a potencialidade do webjornalismo? A partir disso juntamos todos os elementos e contruímos o Novo Jornalismo, Velho Jornalismo.

Victor: Ficamos com essa pauta sobre jornalismo digital e impresso, o que foi uma graça de fato, porque é um tema que concerne a todos, é algo que toca profundamente em relação ao mundo atual, um mundo cada vez mais digital. Sendo um documentário, eu achei interessante que desde o início fosse algo com um valor de produção maior do que parece. Que pudesse ser exibido além do contexto original de trabalho acadêmico. Para mim era importante que o documentário mostrasse a opinião dos próprios jornalistas. O filme tem um final incerto, creio que foi isso que chamou a atenção dos organizadores do IFFS. Uma coisa que acho importante é que mesmo que não tenhamos muita tradição cinematográfica, o fato do documentário ter conseguido transpassar os muros da academia e ter ido parar num festival em um país europeu, nos traz uma lição: que é de não usarmos a desculpa da nossa limitação técnica para produzirmos esse tipo de material.

Na sua opinião, quais os rumos que o jornalismo vai tomar?

Valéria: Não posso prever. Mas o que eu pude ver por meio das entrevistas é que, assim como o rádio, que dizia-se há um tempo atrás, que iria acabar, e ainda hoje ele sobrevive, trazendo novos modelos de transmissão e programações; acredito que o webjornalismo vai continuar no ápice, como uma forma de se adquirir a notícia mais rapidamente, sendo vantajoso, à medida que podemos acompanhar a notícia sendo atualizada a cada instante. Acredito também que o velho jornalismo vai sobreviver, mas precisa se reinventar. Principalmente em Teresina, onde ainda temos um público que gosta de sentir a textura e cheiro do papel ao ler o impresso.

Victor: Para mim quem acha que o webjornalismo vai continuar está certo, e quem acha que o impresso vai continuar também está certo. Para mim os dois têm o mesmo peso.

Quais os conhecimentos mais importantes que você adquiriu no decorrer desse trabalho?

Valéria: Cheguei aqui de outro curso. Da área da saúde vim para a de humanas, e tinha muita coisa que desconhecia. O que estava por trás de um portal e de um jornal impresso, ver toda aquela correria para o fechamento da edição, para ser distribuído no outro dia. Então, foi um impacto muito forte de conhecimento, de se dar conta do quanto de pessoas que trabalham ali nos jornais, e do quanto eles se empenham para fazê-los. Também há a experiência da roteirização, produção e execução de entrevistas, edição e captação de áudio e vídeo. Aprendi muito.

Victor: Descobri que o funcionamento de um jornal e de um portal são duas coisas completamente diferentes, e os dois cumprem funções muito importantes. Se formos analisar, veremos que os dois podem coexistir perfeitamente. Descobri também que precisamos agarrar todas as oportunidades que tivermos para produzir esse tipo de conteúdo, cinematográfico.

Qual foi a sua reação ao descobrir que o documentário seria exibido nesse festival?

Valéria: Ficamos muito surpresos. Como que chegamos lá? Foi uma sensação ótima, de reconhecimento. Porque o tanto de empenho que colocamos no documentário, da trilha sonora original, que compus  - gostaria inclusive de agradecer ao Roberth Santos (edição das músicas), Tarik Assis (violino) e ao meu professor de piano, Luciano Azevedo pela imensa ajuda -, da edição trabalhosa do Victor Bruno, do roteiro e da produção do nosso grupo que fez as entrevistas, composto por mim, Násio Alvarenga, Ana Cristina, Yara Lays, Débora Lima, Anne Shamyra e Denise Nascimento. Então, a reação foi muito positiva e sinal de que estamos no caminho certo do jornalismo e da produção audiovisual. É aquilo que quero seguir, que pretendo continuar fazendo. Agradeço também a professora Rosa, por ter nos incentivado e aos organizadores do Festival da Escópia, pelo reconhecimento e convite para exibição.

Victor: Fiquei muito surpreso, apesar de termos nos empenhado em fazer um documentário que pudesse ser exibido fora da sala de aula, não esperávamos que alguém fosse de fato colocá-lo numa sala de cinema, ainda mais em um país com uma língua completamente diferente. Foi muito surpreendente!

Para mais informações do festival, acesse o site oficial.

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